terça-feira, 19 de outubro de 2010

A DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR

O primeiro ano é uma fase caracterizada por uma elevada taxa de crescimento – sobretudo nos primeiros 6 meses – e que em mais nenhuma etapa da vida se voltará a verificar. Este crescimento é muito exigente, o que faz com que o bebé tenha elevadas necessidades nutricionais.


Contudo, a par desta “exigência nutricional”, o bebé apresenta um organismo ainda imaturo, tanto a nível renal, como a nível digestivo. Assim, é absolutamente fundamental que qualquer alimento destinado a um bebé, ao mesmo tempo que satisfaz as suas necessidades nutricionais, não sobrecarregue o seu organismo. Existe uma resposta ideal para esta situação – o leite materno. A forma ideal de alimentar o bebé, a mais barata e prática bem como a mais natural!

Há situações em que a amamentação não é possível, aconselhável ou, eventualmente, desejada. Os bebés e mães nestas circunstâncias merecem a melhor alternativa existente – leites (ou fórmulas) infantis. As fórmulas infantis são especialmente formuladas para lactentes (bebés até aos 12 meses de idade) e adaptadas às suas necessidades, sendo a única alternativa aceitável ao leite da mãe.

INTRODUZIR NOVOS ALIMENTOS NA ALIMENTAÇÃO DO BEBÉ – QUANDO E PORQUÊ?


O aleitamento materno não pode satisfazer continuamente, por si só, as necessidades nutricionais do bebé, sendo necessário introduzir novos alimentos (alimentos complementares) na sua alimentação. Ao processo de transição entre uma alimentação líquida e uma alimentação sólida (“familiar”), durante o qual se introduzem novos alimentos – para além do leite – dá-se o nome de diversificação alimentar. É um processo que deve ser progressivo e pode durar até aos 2 anos de idade.

Esta fase inicia-se entre os 4 e os 6 meses de idade, quando o leite materno ou fórmula deixam de satisfazer a totalidade das necessidades nutricionais do bebé no que respeita a energia, proteínas, minerais (sobretudo, ferro e zinco) e vitaminas (sobretudo A e D). Para além destas razões nutricionais, também importa diversificar a alimentação por razões de desenvolvimento, já que a introdução de novos alimentos promove o desenvolvimento da capacidade de mastigação, bem como o desenvolvimento neuro e psicomotor do bebé.


O PRIMEIRO ALIMENTO COMPLEMENTAR?


Não existe uma cronologia obrigatória de introdução de novos alimentos, sendo comum muitos bebés começarem pela papa, enquanto outros começam pela sopa. Tradicionalmente, em Portugal, as papas infantis são o primeiro alimento a ser introduzido, mas é cada vez mais frequente optar pelo creme de legumes (sopa). Tanto a sopa, como a papa, são alimentos essenciais na alimentação diversificada.

A sopa apresenta menor valor energético (menos calorias), promove hábitos alimentares adequados e treina o bebé a aceitar alimentos menos doces.

A papa é uma boa forma de apresentar ao bebé novas texturas e sabores, uma forma particularmente fácil de digerir, de fácil aceitação, de elevada densidade nutricional (“muitos nutrientes num pequeno volume”) e com uma textura que favorece a passagem gradual da alimentação líquida para uma alimentação mais sólida e próxima da familiar.

Fornece vitaminas, minerais, ácidos gordos essenciais e proteínas de alto valor biológico e é rica em glícidos (hidratos de carbono) complexos, nutrientes essenciais para o fornecimento de energia, sobretudo numa fase em que tem de ocorrer a transição entre uma alimentação rica em gordura (exclusivamente láctea) e uma alimentação rica em glícidos (diversificada).


QUE ALIMENTOS E POR QUE ORDEM?


Apesar de haver poucos consensos, existem algumas linhas orientadoras que se podem adaptar a cada bebé e à sua realidade cultural. É importante que se aconselhe com o profissional de saúde que acompanha o seu filho.

Em primeiro lugar convém que se introduza um novo alimento de cada vez, aguardando 3 a 5 dias para observar a existência de eventuais reacções adversas. Deve-se também privilegiar o uso da colher, com o fim de estimular a aprendizagem e desenvolvimento das capacidades do bebé e não se deve adicionar sal ou açúcar a qualquer alimento. Deve-se ter igualmente em atenção os alimentos com elevados teores de nitratos (espinafres, beterraba, nabo e cenoura), procurando atrasar a sua introdução.

Se o primeiro alimento complementar for a papa, o segundo é, normalmente, o puré de legumes. Quer a primeira papa, quer a primeira sopa, devem ser ralas e bem passadas, com uma consistência semi-líquida. À medida que o bebé for crescendo a consistência vai sendo, progressivamente, mais sólida, bem como se vão introduzindo novos ingredientes.

É ainda importante que a primeira papa não contenha glúten. O glúten – fracção proteica presente no trigo, centeio e cevada – contém gliadina, factor desencadeante da doença celíaca em indivíduos geneticamente susceptíveis, de modo que não deve ser introduzido demasiado precocemente. É por esta razão que as primeiras papas são de arroz e/ou milho, cereais isentos de glúten.

Segue-se normalmente a fruta, introduzida entre os 5 e os 6 meses, embora a sua introdução dependa da idade em que se iniciou a diversificação. Em Portugal, são tradicionais a maçã e a pêra (cozidas ou assadas) e a banana, sendo de salientar que não se deve iniciar com fruta apresente maior potencial para causar reacções adversas (como por exemplo as amoras, o quivi, os morangos e o maracujá). Contudo, não existe razão para evitar determinadas frutas tropicais como a manga ou a papaia.

Segue-se a carne, introduzida na sopa. A sua introdução é essencial, já que fornece proteínas de elevada qualidade nutricional, bem como ferro – essencial para evitar anemia por carência de ferro. Devem-se preferir as carnes magras e brancas (aves) e as de pequenos animais como o coelho, pela qualidade e quantidade de gordura.

Quanto ao trigo, centeio e cevada – cuja introdução implica presença de glúten – são introduzidos a partir dos 6 meses de idade.

Por ter potencial alergénico superior, o peixe é tradicionalmente introduzido mais tarde do que a carne – normalmente por volta do 9º mês. Não existem evidências científicas suficientemente fortes que justifiquem o atraso excessivo da introdução de peixe (ou de outros alimentos potencialmente alergénicos) com o fim de prevenir a alergia. Para além disso, convém salientar que este alimento é rico em ácidos gordos polinsaturados de cadeia longa (LC-PUFAs) e em proteína de elevado valor biológico, favorecendo também a aquisição de hábitos alimentares saudáveis. Assim, o pediatra ou profissional de saúde que acompanha a diversificação poderá recomendar a introdução mais precoce de peixe.

Entre o 9º e o 10º mês é normal introduzir o iogurte (natural, sem açúcar nem aromas). Actualmente existem opções próprias para bebé – feitas com leite de transição – que são de preferir, desde que não contenham açúcar adicionado.

A partir do 9º mês, introduz-se ainda a gema do ovo – na sopa e em substituição da carne ou peixe, de uma forma progressiva. A clara, por ter maior potencial alergénico, só é introduzida aos 12 meses.

Entre os 9 e os 11 meses introduzem-se as massas e as leguminosas (ervilha, fava, feijão). Estas últimas devem ser bem demolhadas e passadas num passe-vite – à moda antiga – com o fim de retirar as cascas.

Quanto à componente láctea, recomenda-se a manutenção do aleitamento materno enquanto se vai diversificando a alimentação do bebé. Quando a amamentação não é possível, deve-se optar por alternativas seguras – ou seja, fórmulas – já que o leite de vaca “normal” (não modificado) não deve ser introduzido antes do final do primeiro ano de idade. Após esta idade, o leite de vaca em natureza poderá ser introduzido, embora actualmente existam opções mais adequadas – com menor teor proteico, menor teor de gordura saturada e maior teor de ferro, zinco e determinadas vitaminas – os leites de crescimento.

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ARTIGO DA AUTORIA DE:

http://www.nestlebebe.com.pt/